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O Cruzeiro ganhou seu jogo fundamental nesta temporada. Se perdesse para o Santos na Vila Belmiro, poderia não só colocar em risco a conquista do Brasileiro. Mas perder a moral que precisa no sonho de virar a decisão da Copa do Brasil contra o maior rival, o Atlético Mineiro. As coisas iam mal, com o time fraquejando no primeiro tempo. Foi quando Marcelo Oliveira resolveu se impor. Há momentos no futebol que as coisas não se resolvem na conversa, na parceria.
O treinador cruzeirense surpreendeu seus jogadores gritando, xingando, questionando se o time queria ser campeão de novo do Brasil. Cobrou de maneira dura, firme até demais. Como nunca havia feito desde que chegou à Toca da Raposa. Disse que não aceitaria a acomodação. E que seria estupidez jogar todo o sacrifício do ano nas últimas partidas, na reta final que deveria ser a da consagração. O Cruzeiro iria decepcionar torcedores, familiares faltando seis jogos para acabar o ano?
O resultado da cobrança foi excelente. O time entrou revigorado, com mais personalidade. E não demorou para fazer um gol com sua marca registrada. Trocando bola, misturando talento e modernidade. Com o time atacando em bloco, deixando a defesa santista sem ter o que fazer diante daquele momento de carrossel azul celeste. Até o toque final, consciente, de Ricardo Goulart.
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Acabou com a alegria de Enderson Moreira, seus jogadores e os torcedores santistas que foram à Vila Belmiro sedentos de vingança. Queria atrapalhar, fazer o possível para tirar o título nacional da equipe que havia eliminado o Santos da final da Copa do Brasil. Não esperavam que o segundo tempo seria tão diferente do primeiro, quando os mineiros estavam apáticos, assumindo o desgaste, o cansaço. Com Everton Ribeiro no banco de reservas. Não sonhavam que Marcelo Oliveira fosse deixar de lado sua educação e acordaria o time à força.
"Não dava para continuar daquela forma. No primeiro tempo tivemos um vestiário e preleção com muita vibração, mas entramos um pouco mole e permitindo o time do Santos jogar. E nós não conseguimos jogar. Tivemos um chute a gol e era necessário modificar, porque nós estávamos buscando o resultado e não podíamos deixar fugir em um jogo como esse. Felizmente o time reagiu, jogou melhor e o Santos dificilmente chegava com clareza. O time lutou mais. Foi uma vitória fundamental", resumiu, aliviado, Marcelo Oliveira.
"O Marcelo conversou firme conosco. Ele sabe do potencial de todos os jogadores. Graças a Deus voltamos do intervalo da forma que a gente sabe jogar, marcando forte, pressionando os zagueiros para fazer os gols", revelou Fábio.
Depois do gol de Ricardo Goulart, o time cruzeirense seguiu marcando o Santos no seu campo. Acabando com o oxigênio do time de Enderson Moreira. Não dando mais chance para o sonhado desejo de vingança. Se impunha como melhor equipe. Mostrava para si mesma que, mesmo desgastada, ainda é a que merece ganhar de novo o Brasileiro.
Todos na Toca da Raposa sabem do cansaço do time. Do desgaste não só físico, como emocional. Decidir a Copa do Brasil contra o grande rival Atlético tornou as coisas ainda mais difíceis. O treinador tinha a plena noção de que uma derrota ontem poderia dar a chance que o São Paulo tanto queria. O seu rival tinha um adversário fácil, o Palmeiras. A diferença poderia cair para só para um ponto.
Mesmo com um jogo a mais que o rival paulista, a pressão poderia tornar tudo insuportável. Ainda mais porque a próxima partida será contra o Grêmio em Porto Alegre. O jogo mais difícil deste final de ano. Se viesse novo fracasso, tudo poderia degringolar de vez. Daí os inesperados e necessários gritos de Marcelo Oliveira.
Com o segundo tempo que conseguiram fazer e a vitória conseguida a fórceps, os jogadores cruzeirenses comemoraram muito. Redescobriram a confiança abalada pela derrota diante do Atlético Mineiro. Acordaram para a possibilidade inédita na história do clube de vencer duas vezes o Brasileiro em seguida. Perceberam outra vez a importância do Campeonato Brasileiro. E enxergaram em Marcelo, o líder que precisavam.
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"Ele é o treinador e tem que chamar atenção. Ele cobrou da gente no vestiário, que tínhamos que nos dedicar mais, pois estamos perto de concretizar o título. Voltamos mais ligados, bem melhores", admitia Willian.
A caminhada cruzeirense para este final de Brasileiro não é fácil. Primeiro o empolgado Grêmio de Felipão em Porto Alegre nesta quarta-feira. Enfrentará o Goiás, no próximo domingo, no Mineirão. Provavelmente com muitos reservas. Porque na outra quarta-feira, dia 26, o time decide a Copa do Brasil contra o Atlético Mineiro. Tendo a obrigação de tirar a vantagem de dois gols do rival. Sem tempo para respirar, já no dia 30 terá o desesperado Chapecoense em Santa Catarina. E no dia 7, fará sua última partida no ano. Contra o Fluminense, que poderá estar brigando por uma vaga na Libertadores, no Mineirão.
Será uma maratona desgastante não só física. Mas emocional. E arrancada para tudo dar certo ou muito errado aconteceu ontem na Vila Belmiro. Nos berros de seu técnico, o Cruzeiro se redescobriu Cruzeiro. Ganhou do furioso Santos. Fez a diretoria santista encarar o fracasso da temporada 2014, com investimentos caríssimos. Robinho e Leandro Damião são os retratos do desperdício financeiro. Enderson Moreira também deverá procurar outro lugar para trabalhar. Dois cinco candidatos a presidente do clube, nenhum pretende seguir com ele.
Mas isso não é problema do Cruzeiro. O que Marcelo Oliveira precisava da Vila Belmiro conseguiu. Os três pontos e resgatar a confiança dos seus jogadores. Deixando a polidez, a educação de lado. Como os grandes treinadores precisam fazer de vez em quando. Ainda mais quando está para ganhar o Brasileiro pela segunda vez seguida. E decide a Copa do Brasil contra o maior rival. A Tríplice Coroa ainda é possível. Para esta façanha não basta o clube ter um ótimo técnico. Mas um comandante...
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O post O Cruzeiro não precisava de um técnico. E sim de um comandante. Aos gritos e palavrões, Marcelo Oliveira se impôs. Foi o que fez o time ganhar do Santos e voltar a sonhar com a Tríplice Coroa… apareceu primeiro em Blog do Cosme Rímoli.